Desde que cheguei em Ruse, na Bulgária, não escrevi um post contando sobre a vida por aqui, né? Agora que comecei o canal do blog, quero muito fazer vídeos pelo bairro, contar sobre o dia a dia, meus motivos pra estar aqui mais uma vez na vida e tirar muitas dúvidas, mas quis vir aqui pra desabafar, postar fotinhos e contar como anda a vida.
Ruse fica na Bulgária, mas só 2 horas de ônibus da cidade onde eu morei na Romênia. Dizem que é a 5ª maior cidade da Bulgária e, pra vocês terem ideia, tem cerca de 150 mil habitantes de acordo com o censo de 2010 (a crença é que agora esse número seja ainda menor). A coisa que eu mais amo em Ruse é a falta de lugares onde gastar meu dinheiro, hahaha. É incrível como a vida por aqui é barata e os programas de fim de semana sempre se resumem a tomar um sorvete por algo que custa menos de 1 real e andar até o centro. Dá pra fazer absolutamente tudo a pé por aqui. A cidade só tem um shopping, o Mall Rousse, que nem tem tantas lojas internacionais. Ele não fica no centro, então é bem raro ir até lá. A cidade fica à margem direita do rio Danúbio, que é o que mais movimenta o comércio por aqui. Sem ele e sem a Universidade de Ruse, acho que a cidade teria menos da metade dos habitantes que tem hoje. É um lugar muito tranquilo pra morar, do tipo que as crianças brincam na rua sem a supervisão dos pais, sabe? Nunca me senti ameaçada por aqui, apesar de já ter sido tão assediada na rua quanto era em São Paulo. Aqui - e por aqui, entenda leste europeu num geral - o pessoal ainda tem uma mente bem machista e até racista, algumas vezes. Já ouvi mais de uma vez gente se referindo a negros como macacos e meio que fico torcendo pra rolar pelo menos um processo em cima dessas pessoas, mas nada acontece e ninguém fala nada. Eu não falo porque não falo búlgaro. Falando em falar búlgaro, por aqui as pessoas não falam inglês. O que pode ser um ponto positivo, já que eu quero chegar ao nível intermediário dessa línguinha até o fim desse ano, mas definitivamente te faz sentir desconfortável em alguns momentos. O pessoal aqui também tem uns costumes meio estranhos, se você está andando na rua com um amigo e ele encontra alguém que conhece, ninguém se apresenta, nem te diz oi ou tchau. Eu sinto o povo búlgaro - ou pelo menos de Ruse - muito fechado. Muito sério, cansado, desgostoso. Não sei a palavra. Eles não se importam se vão parecer legais ou não, mas se importam bastante em aparentar riqueza. Às vezes, me faz querer me importar menos com me encaixar também. Meus motivos pra estar aqui são extremamente pessoais, por mais bonitinha que Ruse seja nas fotos que posto no Instagram, está longe de ser a cidade dos sonhos para viver. Pelo menos pra mim. Eu gosto de cafés 24 horas, gente que esbarra em você na rua e sorri, gente que vê alguém derrubando algo no chão e corre pra ajudar a pegar, gente que pede licença pra passar num lugar estreito ao invés de se espremer. Viver aqui ano passado e estar de volta me trouxe uma clareza e uma visão do mundo, dos lugares pelos quais já passei e até de São Paulo que eu não tinha antes. Sei que o texto não soa muito positivo, mas eu quis usar esse post pra contar esses detalhezinhos mesmo e talvez pra me ajudar a lidar melhor com a saudade de casa que ando esses dias. No fim do dia, eu sempre sei que tenho sorte de estar vivenciando todas essas coisas que eu nunca nem sonhei que existiam. Sei que hoje em dia sou muito mais crítica, decidida e madura graças a tudo isso. Para acompanhar meu dia a dia, é só seguir no Instagram :) Me contem nos comentários se vocês já precisaram se adaptar a algo novo e #meajudem, haha.
2 Comentários
Chris Estevam
2/23/2016 05:44:36 am
Olá Maya! Morei em Sófia ano passado, por 6 meses (meu marido é búlgaro) e passei por diversas situações em que me se sentia mega desconfortável por conta da "instabilidade" de humor dos búlgaros, principalmente das mulheres! Comento com meus amigos que as búlgaras são bipolares! hahaha Enfim.. Espero que dê tudo certo em relação ao seu visto! Adorei sua página :)
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Mayara
2/28/2016 05:40:32 am
Oi, Chris! Pois é, eu acho geral bipolar por aqui, haha. Alguns gestos e reações fazem parecer que eles estão sempre discutindo. Tô mais acostumada, já é minha segunda vez em Ruse, mas acho que nunca vou me adaptar 100%. Legal saber que você esteve por aqui, sempre bom compartilhar esse tipo de experiência com gente que sabe exatamente como é. Volte sempre ♥
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Por mais comum que o nome Mayara seja no Brasil, fora dele as pessoas têm dificuldade com a pronúncia. Foi daí que surgiu o nome do blog: de tanto falar "just call me Maya" pra esse povo. O blog em si surgiu porque não acho justo compartilhar só no Facebook o tanto de coisa linda que passei nos últimos dois anos sem rumo pelo mundo.
@deusayara no Twitter e Instagram arquivo
Junho 2017
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